A Lição de Santos-Dumont
Música, Bênção ou Maldição?

Muitas coisas podem ser usadas para o bem ou para o mal, ser uma bênção ou uma maldição.

20 de julho de 1873. Numa pequena localidade no Estado de Minas-Gerais, Dona Francisca deu à luz o pequeno Alberto. Nascido em “berço de ouro”, passou sua infância na fazenda do pai, o Sr. Henrique Dumont, um engenheiro que chegou a ser conhecido como o Rei do Café.

Crescendo, Alberto tornou-se um fanático leitor dos escritos de Júlio Verne. Entre seu livros prediletos estavam: Cinco Semanas num Balão e Da Terra à Lua.

Em 1892, já aos 19 anos, estabeleceu-se na cidade de Paris, França, onde começou a aprender pilotar balões e onde, em 18 de setembro de 1898, sobrevoou a cidade em seu primeiro balão, o qual foi batizado com o nome Brasil.

12 de julho de 1901. Alberto Santos-Dumont voa com seu novo veículo, um balão impulsionado por um motor a gasolina, e consegue pousar no mesmo ponto do qual havia decolado. Feito semelhante ele realizou em 19 de outubro do mesmo ano, quando voou ao redor da Torre Eiffel com seu dirigível número 6.

Mas, o seu feito mais notável foi o primeiro vôo com o 14Bis, uma aeronave simples, com 10 metros de comprimento e 12 de envergadura. Seu vôo histórico se deu no campo de Bagatelle e foi o suficiente para tornar Alberto Santos-Dumont conhecido em todo o mundo.

Mas nem tudo na vida desse grande inventor foi sucesso e alegria. Ele teve também diversos momentos de amargura nos quais sua invenção esteve envolvida. Foi para ele grande causa de tristeza ver seu invento sendo usado na primeira guerra mundial.

Outro lamentável incidente foi quando, em 3 de dezembro de 1928, voltando ao Brasil, assistiu do convés do navio à queda do hidroavião que conduzia vários amigos que pretendiam homenageá-lo lançando de pára-quedas uma mensagem de boas vindas. Todos os ocupantes da aeronave morreram no acidente.

Foram-lhe, também, grande causa de tristeza as cenas que teria presenciado do uso de sua invenção durante a revolução constitucionalista em 1932. Conta-se que, ao descer de uma charrete, no dia 23 de julho do mesmo ano, disse ao condutor, um jovem de 17 anos, na época: “Eu inventei a desgraça do mundo”. Ao retornar ao Grande Hotel La Plage, no Guarujá, Estado de São Paulo, Santos-Dumont entrou no quarto 152, onde residia, e não saiu mais. Sentindo a sua falta os funcionários do hotel acabaram por arrombar a porta do seu quarto, encontrando-o morto no banheiro, aos 59 anos de idade, enforcado no chuveiro.

Seu atestado de óbito foi adulterado e a causa da morte foi registrada como “Colapso Cardíaco”. Seu suicídio foi ocultado do público durante muitos anos, pois não cairia bem nos livros a história um herói suicida. Imagine como ele teria se sentido se tivesse presenciado a tragédia do dia 11 de setembro de 2001, quando aviões foram atirados contra o World Trade Center e contra o Pentágono, nos Estados Unidos, em atentados terroristas.

Eis aí o paradoxo de um dos grande inventos do mundo moderno. O avião transporta pessoas, remédios, alimentos, leva a mensagem do evangelho, mas também transporta bombas e equipamentos de destruição. Aviões têm transportado órgãos humanos em tempo de serem transplantados, salvando vidas; um avião, o Enola Gay, transportou a bomba atômica que foi lançada em Hiroshima. Ele pode ser tanto bênção quanto maldição.

Há algo, porém, que existe desde antes da criação do nosso mundo, e que por causa do pecado, tem se tornado, muitas vezes, uma maldição: É a música.

Você poderia perguntar: como pode algo tão inocente causar algum mal?

Mas, será que a música é realmente algo inofensivo e que não exerce influência alguma sobre as pessoas? Como são as trilhas sonoras dos filmes? Usam-se músicas fúnebres e sombrias em filmes infantis ou em desenhos animados? Usam-se valsas ou marchinhas alegres em momentos críticos de filmes de suspense? E por que não tocamos música de carnaval em momentos solenes, como quando a bandeira do Brasil é hasteada ou em um funeral?

Alguns diriam que existe a música certa para o momento certo. Mas seria melhor dizer que existe também a música certa e a música errada. Dizer que não existe música ruim é o mesmo que dizer que é impossível se construir um avião exclusivamente para a guerra. Todos nós sabemos que isso não é verdade.

Mesmo cientes da má influência de alguns tipos de música, alguns dizem que têm o direito de ouvir e cantar as músicas que quiserem e ninguém tem nada a ver com isso. Mas isso é um grande engano. Aqui há mais questões envolvidas do que os prejuízos para a própria mente e o caráter ou mesmo a perda da vida eterna. Aqui está presente também, e de uma maneira muito preocupante, a questão da influência sobre outras pessoas.

Não é só a música que pode ser uma bênção ou uma maldição. A conduta, especialmente de um cristão, sempre será bênção ou maldição, quer ele queira quer não, devido ao exemplo que ele dá. E não adianta ele dizer: “Não sigam o meu exemplo”.

Desculpas não faltam para os apreciadores do que é ruim; mas está escrito: “É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem! Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos” (Lucas 17:1 e 2).

Tome hoje mesmo a decisão de não aceitar em sua vida músicas prejudiciais, sejam elas do mundo ou mesmo supostamente cristãs, muitas das quais podem estar disponíveis dentro de nossa própria igreja. Decida-se também, pelo bem da sua própria alma e daqueles que poderão seguir o seu exemplo, a aprender a reconhecer a música boa e a ruim e a agir com responsabilidade diante do que descobrir. Lembre-se de “que por todas essas coisas DEUS o trará a julgamento” (Eclesiastes 11:9).

Mais do que a música que você ouve ou canta, decida-se a ser você mesmo(a) uma bênção e não uma maldição.