Caminho a CRISTO |
Capítulo 7 - O teste da obediência Se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”. 2 Coríntios 5:17. Uma pessoa pode não ser capaz de dizer o momento e o lugar exatos, nem descrever todas as circunstâncias do processo de conversão; mas isso não prova que ela não seja convertida. Cristo disse para Nicodemos: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito”. João 3:8. Como o vento, que é invisível, embora seus efeitos sejam claramente vistos e sentidos, assim também é o Espírito de Deus em Sua obra no coração humano. Esse poder regenerador, o qual nenhum olho humano pode ver, gera uma nova vida e cria um novo ser à imagem de Deus. {CCn 37.1} Embora a obra do Espírito seja silenciosa e imperceptível, seus efeitos podem ser vistos. Se o coração foi renovado pelo Espírito de Deus, a vida dará testemunho disso. Apesar de nada podermos fazer para mudar o coração e entrar em harmonia com Deus, mesmo que não devamos em absoluto confiar em nós mesmos, nem em nossas boas ações, a vida vai revelar se a graça de Deus habita em nós. Uma mudança será notada no caráter, hábitos e propósitos. Será claro e decisivo o contraste entre o que eram antes e o que são agora. O caráter é revelado não por boas obras nem por erros ocasionais, mas pela tendência que palavras e atos costumeiros revelam. {CCn 37.2} É verdade que pode haver uma aparência de retidão, mesmo sem o poder renovador de Cristo. O desejo de ter influência e de ser estimado pelos outros pode levar a uma vida bem ordenada. O respeito próprio pode nos fazer evitar a aparência do mal. Um coração egoísta pode promover atos generosos. De que maneira, então, vamos demonstrar de que lado estamos? {CCn 37.3} Quem domina nosso coração? Em quem estão nossos pensamentos? Acerca de quem gostamos de conversar? Quem é o alvo da nossa calorosa afeição e do melhor da nossa energia? Se somos de Cristo, sempre estaremos pensando nEle; nossos mais doces pensamentos nEle se concentrarão. Tudo o que temos e somos será consagrado a Ele. Teremos o desejo de refletir Sua imagem, possuir Seu Espírito, fazer Sua vontade e agradá-Lo em todas as coisas. {CCn 37.4} Aqueles que se tornarem novas criaturas em Jesus Cristo produzirão os frutos do Espírito: “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio”. Gálatas 5:22, 23. Não mais se comportarão de acordo com as antigas paixões, mas, pela fé no Filho de Deus, seguirão os Seus passos, refletirão o Seu caráter e se tornarão puros assim como Ele é puro. As coisas que antes detestavam, agora amam; as coisas que antes amavam, agora aborrecem. O orgulhoso e arrogante torna-se manso e dócil. O vaidoso e altivo torna-se humilde e modesto. O alcoólatra deixa a bebida; o viciado torna-se puro. As modas e os costumes mundanos são postos de lado. O cristão não buscará o “adorno exterior”, mas o “homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranqüilo”. 1 Pedro 3:3, 4. {CCn 37.5} Não haverá evidências de genuíno arrependimento a menos que ele promova uma reforma. Se confirmar o que foi prometido, devolver o que foi roubado, confessar seus pecados e amar a Deus e ao próximo, o pecador pode estar certo de que passou da morte para a vida. {CCn 38.1} Quando vamos a Cristo, mesmo sendo seres pecadores e cheios de erros, tornamo-nos participantes da Sua graça perdoadora, e o amor brota em nosso coração. Os fardos tornam-se leves, pois o jugo que Cristo impõe é suave. O dever torna-se um deleite, e o sacrifício, um prazer. O caminho que antes parecia coberto de trevas torna-se iluminado pelo Sol da Justiça. {CCn 38.2} O amoroso caráter de Cristo será visto em Seus seguidores. Ele Se deleitava em fazer a vontade de Deus. O amor a Deus, o verdadeiro zelo por Sua glória, era o poder controlador da vida do nosso Salvador. O amor embelezava e enobrecia Suas ações. O amor faz parte da natureza divina. O coração não consagrado não pode produzi-lo. O amor pode ser encontrado apenas no coração onde Jesus reina. “Nós amamos porque Ele nos amou primeiro”. 1 João 4:19. No coração renovado pela graça divina, o amor é o que motiva a ação. Ele modifica o caráter, controla a paixão, supera a inimizade e torna mais nobres as afeições. Esse amor ameniza os rigores da vida e exerce uma influência das mais positivas sobre todos que estiverem por perto. {CCn 38.3} Há dois erros que os filhos de Deus - em particular aqueles que há pouco passaram a confiar em Sua graça - precisam especialmente evitar. O primeiro, já mencionado, é o de se reportar às próprias obras e confiar naquilo que podem realizar para ficar em harmonia com Deus. Aquele que procura tornar-se santo buscando, por meio das próprias obras, guardar a lei está tentando algo impossível. Tudo o que o ser humano possa fazer sem Cristo está poluído pelo egoísmo e o pecado. Somente a graça de Cristo, por meio da fé, pode nos santificar. {CCn 38.4} O erro oposto, e não menos perigoso, é acreditar que Cristo isenta a pessoa de guardar a lei de Deus; que, considerando que somente pela fé nos tornamos participantes da graça de Cristo, nossas obras nada têm a ver com nossa redenção. {CCn 38.5} Mas note que a obediência não é uma mera concordância externa e sim uma conseqüência do amor. A lei de Deus é uma expressão da natureza divina; é uma personificação do grande princípio do amor e, por isso, o fundamento do Seu governo no Céu e na Terra. Se nosso coração for renovado à semelhança de Deus, se o amor divino estiver nele implantado, é claro que viveremos em obediência à lei de Deus. Quando o princípio do amor domina o coração, quando o homem é renovado segundo a imagem dAquele que o criou, a promessa do novo concerto é cumprida: “Porei no seu coração as Minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei”. Hebreus 10:16. E se a lei estiver escrita no coração, claramente ela moldará a vida. A obediência - nosso serviço e compromisso de amor - é o verdadeiro sinal do discipulado. Diz a Escritura: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os Seus mandamentos”. 1 João 5:3. “Aquele que diz: Eu O conheço e não guarda os Seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade”. 1 João 2:4. Em vez de dispensar as pessoas da obediência, é a fé - e somente a fé - que nos faz participantes da graça de Cristo, capacitando-nos a obedecer. {CCn 39.1} Não ganhamos a salvação por nossa obediência, pois a salvação é um dom gratuito de Deus que recebemos pela fé. Mas a obediência é o fruto da fé. “Sabeis que também Ele Se manifestou para tirar os pecados, e nEle não existe pecado. Todo aquele que permanece nEle não vive pecando; todo aquele que vive pecando não O viu, nem O conheceu”. 1 João 3:5, 6. Aqui está a verdadeira prova. Se estivermos em Cristo, se o amor de Deus habitar em nós, nossos sentimentos, pensamentos, propósitos e ações estarão em harmonia com a vontade de Deus expressa nos preceitos de Sua santa lei. “Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como Ele é justo”. 1 João 3:7. A justiça está definida pelo padrão da santa lei de Deus, como está expressa nos dez preceitos dados no Sinai. {CCn 39.2} A suposta fé em Cristo que leva a pessoa a se esquivar da obrigação de obedecer a Deus não é fé, mas presunção. “Pela graça sois salvos, mediante a fé”. Efésios 2:8. Entretanto, “a fé, se não tiver obras, por si só está morta”. Tiago 2:17. Jesus Cristo disse acerca de Si mesmo, antes de vir à Terra: “Agrada-Me fazer a Tua vontade, ó Deus Meu; dentro do Meu coração, está a Tua lei”. Salmos 40:8. E antes de subir ao Céu, Ele declarou: “Tenho guardado os mandamentos de Meu Pai e no Seu amor permaneço”. João 15:10. Diz a Escritura: “Sabemos que O temos conhecido por isto: se guardamos os Seus mandamentos. [...] Aquele que diz que permanece nEle, esse deve também andar assim como Ele andou”. 1 João 2:3-6. “Pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os Seus passos”. 1 Pedro 2:21. {CCn 39.3} A condição para a vida eterna ainda é a mesma que sempre foi: perfeita obediência à lei de Deus, perfeita justiça, exatamente como era no Paraíso, antes da queda de nossos primeiros pais. Se a vida eterna nos fosse concedida sob qualquer condição inferior a essa, a felicidade de todo o Universo estaria correndo perigo. Estaria aberto o caminho para que o pecado com toda a sua miséria se perpetuasse. {CCn 39.4} Antes da queda, Adão podia apresentar um caráter justo, mediante a obediência à lei de Deus. Mas ele fracassou e, por causa do seu pecado, nossa natureza se acha decaída e não podemos, por nós mesmos, alcançar a justiça. Pelo fato de sermos pecadores, profanos, somos incapazes de obedecer perfeitamente à santa lei. Não possuímos em nós mesmos a justiça necessária para satisfazer as exigências da lei de Deus. Mas Cristo providenciou uma solução. Ele viveu na Terra em meio a provas e tentações iguais às que temos de enfrentar. E viveu sem pecar. Morreu por nós, e agora Se oferece para tirar-nos os pecados e dar-nos Sua justiça. Ao entregar-se a Ele, aceitando-O como seu Salvador, você, por causa dEle, será considerado justo, não importa quão pecaminosa possa ter sido a sua vida. O caráter de Cristo substituirá o seu caráter, e você será aceito diante de Deus como se não houvesse pecado. {CCn 40.1} Além de tudo isso, Cristo transformará o seu coração; e ali, pela fé, Ele vai habitar. Por meio da fé e de uma contínua submissão de sua vontade a Ele, você deve manter essa ligação com Cristo. Assim fazendo, Ele operará em você o querer e o fazer, segundo a Sua vontade. Você poderá dizer: “Esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a Si mesmo Se entregou por mim”. Gálatas 2:20. Assim disse Jesus aos Seus discípulos: “Não sois vós os que falais, mas o Espírito de vosso Pai é quem fala em vós”. Mateus 10:20. Assim, através de Cristo, você manifestará o mesmo espírito e as mesmas boas obras - obras de justiça e obediência. Portanto, nada temos pelo que nos vangloriar, nenhum motivo para exaltação própria. Nossa única razão para a esperança está na justiça de Cristo que nos é imputada, como resultado da obra do Espírito Santo, o qual atua em nós e por nosso intermédio. {CCn 40.2} Quando falamos em fé, devemos ter em mente que existe uma distinção. Existe uma espécie de crença que é totalmente diferente da fé. A existência e o poder de Deus, a veracidade de Sua Palavra, são fatos que nem Satanás e suas hostes podem sinceramente negar. A Bíblia diz que “os demônios crêem e tremem”. Tiago 2:19. Mas isso não é fé. Onde existe não só a crença na Palavra de Deus, mas também uma submissão da vontade a Ele; onde o coração é entregue e as afeições são nEle concentradas, aí existe fé - uma fé que opera por meio do amor e que purifica o coração. Mediante esta fé, o coração é renovado à imagem de Deus. E o coração que, em seu estado não regenerado, não se submete à lei de Deus, nem o consegue, agora alegra-se nos Seus santos preceitos, e exclama como o salmista: “Quanto amo a Tua lei! É a minha meditação, todo o dia!”. Salmos 119:97. E a justiça da lei se cumpre em nós, “que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”. Romanos 8:4. {CCn 40.3} Há os que já conheceram o poder perdoador de Cristo e que realmente desejam ser filhos de Deus, mas percebem que seu caráter é imperfeito, sua vida cheia de faltas, e chegam a duvidar se o seu coração já foi renovado pelo Espírito Santo. Gostaria de dizer para esses que não recuem em desespero. Muitas vezes, teremos que nos prostrar e chorar aos pés de Jesus por causa de nossas faltas e erros, mas não devemos desanimar. Mesmo se formos vencidos pelo inimigo, não seremos rejeitados nem abandonados por Deus. Não; Cristo está à destra de Deus, também intercedendo por nós. Diz o amado João: “Estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo”. 1 João 2:1. E não nos esqueçamos das palavras de Cristo: “O próprio Pai vos ama”. João 16:27. Ele deseja atraí-lo para Si, para que você possa ver Sua própria pureza e santidade refletidas em você. E se você se entregar, Aquele que começou em você a boa obra há de continuá-la até o dia de Jesus Cristo. Ore com mais fervor; creia mais plenamente. Deixemos de confiar em nossa própria força e passemos a confiar no poder do nosso Redentor. Então, louvaremos Aquele que é o vigor da nossa face. {CCn 41.1} Quanto mais perto você estiver de Jesus, mas cheio de faltas se sentirá a seus próprios olhos, pois sua visão ficará mais clara, e suas imperfeições serão vistas em amplo e distinto contraste com a natureza perfeita de Cristo. Isso é prova de que os enganos de Satanás perderam seu poder, e que a influência vivificante do Espírito de Deus está lhe despertando. {CCn 41.2} Quem não reconhece a própria pecaminosidade não consegue desenvolver um amor mais profundo por Jesus. A pessoa que é transformada pela graça de Cristo passará a admirar Seu caráter divino; mas o fato de não enxergar a própria deformidade moral é uma inequívoca evidência de que não tivemos uma visão da beleza e da excelência de Cristo. {CCn 41.3} Quanto menos enxergarmos as próprias qualidades, tanto mais veremos a infinita pureza e a bondade do nosso Salvador. A percepção de nossa pecaminosidade nos conduz Àquele que pode, de fato, perdoar. E quando uma pessoa, ao perceber o seu desamparo, busca a Cristo, Ele revela-Se de maneira poderosa. Quanto mais percebermos nossa necessidade de chegar-nos a Ele e à Sua palavra, mais elevada será a visão que teremos de Seu caráter, e mais plenamente refletiremos Sua imagem. {CCn 41.4} Origem: https://egwwritings.org/?ref=pt_CCn.37¶=1807.239 |