O Menino da Porteira
Tramas Espantosas

Existem hoje muitos filmes anunciados como sendo “baseados em fatos reais” que não contam como as coisas realmente aconteceram. Este é o caso de Pocahontas, personagem da Disney que realmente existiu, mas cuja verdadeira história está bem longe de ser o que o desenho animado apresentou.

Outro exemplo de história popular que as pessoas acreditam ser verdadeira é a narrada pela música sertaneja O Menino da Porteira, de autoria de Teddy Vieira e Luizinho, cuja história se tornou filme de cinema por duas vezes, na primeira tendo Sérgio Reis como protagonista e na segunda o também cantor Daniel. Muitas pessoas acreditam que a música é baseada na história real de um menino que morreu atropelado por um boi, sendo que alguns acham que essa história se deu em Ouro Fino de Goiás.

Teddy Vieira, natural de Itapetininga, no interior de São Paulo, falecido em um acidente de carro na rodovia Raposo Tavares em dezembro de 1965, foi quem deu vida à história do menino. Ele passava sempre por Ouro Fino a caminho de Andradas, no sul de Minas Gerais, onde residia sua namorada América Rizzo, com quem se casaria posteriormente. Vieira tinha uma sensibilidade acentuada no que diz respeito a despertar emoções fortes no coração das pessoas quando escrevia seus poemas; suas histórias, ricas em detalhes e sentimentos, faziam muitas pessoas crerem que as mesmas fossem verídicas. Mas ele mesmo confirmou, em certa ocasião, que o menino da porteira nunca existiu, sendo a narrativa apenas um conto criado para emocionar o público por meio de uma canção.

Vieira criou outras músicas que se tornaram lendas urbanas e rurais, como O João-de-barro. Apesar de nunca ninguém ter encontrado uma única casinha feita pelo pássaro com a porta lacrada, contendo dentro uma ave morta, até hoje tem gente que acredita que a música baseia-se em uma realidade da natureza.

Uma das minhas colegas comentou que, há muitos anos, chegara a pensar no sofrimento da família do menino que havia sido morto pelo boi; e eu mesmo, quando criança, cheguei a procurar, por várias vezes, alguma casinha de João-de-barro com a entrada fechada; mas as histórias não eram verdadeiras.

Eu sei que pode haver alguma pessoa desapontada por descobrir que as histórias do menino da porteira e do João-de-barro não são verdadeiras; pode até ter alguém com raiva por eu ter “quebrado o encanto” das músicas das quais gostava. Mas você quer ser conhecido(a) como uma pessoa capaz de acreditar até em Saci-Pererê, mula-sem-cabeça ou boitatá?

Nem tudo que se conta hoje em dia é verdade ou deveria receber o crédito que recebe. Por exemplo: Você acredita que a maioria das histórias que já ouviu sobre a vida dos outros é verdadeira? A triste realidade é que, na esmagadora maioria dos casos, o que se fala da vida dos outros não passa de mentira ou de verdade distorcida, como a frase existente no túmulo de Carolina, citada no capítulo anterior. Quantas pessoas são desprezadas ou recebem fama imerecida porque outros acharam que estavam “fazendo justiça” ou “prevenindo” os amigos contra os perigos existentes no caráter de alguém. Incontáveis milhões de pessoas ao redor do mundo estão, por causa disso, sendo vistas como algo que não são, embora seja de conhecimento geral que pessoas inteligentes jamais deveriam dar ouvidos a fofocas.

Está escrito em Levítico 19:16: “Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo”; contudo, inexplicavelmente, muitas pessoas que se dizem cristãs e observadoras dos ensinos bíblicos continuam desobedecendo descaradamente essa ordem direta dada por DEUS. Não há como justificar uma coisa dessas, você não acha? Mas há fatos piores ainda, como você verá nos próximos capítulos.

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Texto extraído do livro
Tramas Espantosas
da Editora Luzes da Alvorada.
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