A Verdadeira Carolina
Tramas Espantosas

Houve, sim, uma Carolina em Hanover, na Alemanha, seu tumulto foi realmente aberto por uma árvore que nasceu debaixo da pedra principal existente sobre ele, e é verdade ainda que há uma inscrição na tumba dizendo que a mesma nunca deveria ser aberta. Onde está, então, o erro na história?

O verdadeiro nome de Carolina é Henriette Juliane Caroline von Rüling, nascida em 19 de janeiro de 1756 e que morreu de tuberculose em 15 de abril de 1782 aos 26 anos de idade. Carolina nunca ficou viúva e foi, na verdade, a primeira esposa de Georg Ernst von Rüling, (seu esposo não se chamava João, como citado na história) que casou-se após a sua morte com Charlotte Catharina Esther von Bibow. Foi ele quem mandou construir o túmulo de Carolina e mandou colocar nele a controvertida inscrição.

Esse é outro fato que tem sido relatado de forma distorcida. Assim como no Brasil o corpo depositado numa cova comum é posteriormente removido a fim de que outro seja enterrado no mesmo lugar, em quase todas as cidades da Alemanha as sepulturas são reutilizadas depois de vários anos; exceto aquelas que são compradas em caráter de permanência. Nesses casos é colocada uma inscrição no túmulo que, quando traduzida da forma correta, quer dizer: “Este túmulo foi comprado para sempre e nunca deverá ser aberto”, não no sentido de descrença na ressurreição, e sim pelo fato de que ele nunca deverá ser violado a fim de ser reutilizado, segundo explicou a alguém o próprio zelador do cemitério Gartenfriedhof, em Hanover.

Não há registro algum de que Carolina fosse condessa e não foi encontrada qualquer confirmação de que ela tivesse uma cunhada chamada Dorothea; nome que pertencia, na verdade, à sua mãe. Contudo, os relatos mais populares a pintam como uma mulher cruel, ingrata e sem compaixão, que teria transformado em miséria a vida da cunhada e dos sobrinhos.

Durante séculos a pobre Carolina tem sido vista como uma “infiel” desafiadora que teve seu túmulo destruído por uma árvore que teria sido uma resposta do Céu à sua incredulidade. Já ouvi comentários de quem leu o relato popular e ficava imaginando aquela “mulher má” e o castigo que a aguardaria no dia do final ajuste de contas, diante do “Juiz de toda a terra” (Gênesis 18:25).

Mas ela era inocente. Na verdade, os relatos populares omitem o fato de haver outras inscrições na tumba, as quais falam que “ela deu à luz três filhos”, “trilhou o caminho da vida” e sugerem em sua parte final a esperança de um reencontro.

A árvore que abriu a tumba de Carolina causou impacto ao longo do tempo e muitas lendas, músicas e histórias de terror foram criadas com base naquele fato. Houve até mesmo um romance, uma novela, como eram chamados na época os livros do gênero, com o título “Das geöffnete Grab” (O Túmulo Aberto) de autoria de Otto Warbeck. Esse livro foi publicado em 1883 e afirma-se que ele misturava verdade e ficção em sua narrativa. Teria sido ele a origem do conto moral “A Loucura da Condessa”? Não posso afirmar, uma vez que não foi possível encontrar algo substancial do referido livro para comprovar. A existência, desde aquela época, de tantas criações da imaginação humana que tiveram como base a árvore que surgiu na sepultura abre muitas possibilidades para a origem do conto hoje conhecido.

Pobre Carolina! Inocente de que a difamaram tanto e que a transformaram em um monstro que ela mesma seria capaz odiar.

Um texto bíblico diz que somente entrará no Paraíso de DEUS “Aquele que é íntegro em sua conduta e pratica o que é justo, que de coração fala a verdade e não usa a língua para difamar, que nenhum mal faz ao seu semelhante e não lança calúnia contra o seu próximo” (Salmos 15:2 e 3). Creio que todos nós deveríamos aprender essa lição, você não acha?

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Texto extraído do livro
Tramas Espantosas
da Editora Luzes da Alvorada.
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