Desperdício de Oportunidade
Histórias Inesperadas
Jeferson e eu morávamos na mesma cidade quando éramos crianças. Ele devia ter, na época, uns dois anos e eu em torno de cinco anos. Nossas famílias freqüentavam a mesma igreja e nossos pais se conheciam, embora nós não tivéssemos contato um com o outro, uma vez que éramos bem pequenos e nos víssemos apenas ocasionalmente. Por algum motivo que, aparentemente, nunca ficou bem esclarecido, os pais de Jeferson, depois de alguns anos, se afastaram da igreja.
Os anos foram se passando e quando eu tinha cerca de quinze anos, visitei os pais de Jeferson junto com outros amigos. Assim como outras pessoas que os visitavam periodicamente, falamos da falta que sentíamos deles e eu falei das lembranças que tinha da infância e da presença especialmente do pai dele atuando naquela velha igreja. Parecia que eles guardavam boas lembranças e que era tudo uma simples questão de falta de vontade, de apatia, de falta de decisão.
Foi então que Jeferson e Luiz, seu irmão, tornaram-se o assunto da nossa conversa. O pai dos garotos aparentava ter certa preocupação com o futuro deles e expressou desejo de que alguém viesse estudar a Bíblia com os meninos de vez em quando. Imediatamente me dispus a ir e marcamos para o final de semana seguinte a minha ida à casa deles para estudarmos juntos.
O final de semana chegou e, para minha surpresa, não cheguei nem a passar do portão da casa para dentro. Diferentemente do que as coisas aparentaram no dia da minha visita anterior, a mãe agora parecia bronqueada com algo que nem ela mesma soube explicar com clareza, mas julgava ter motivos para não querer que ninguém mais estudasse com os meninos. Dava a impressão de que ela era quem tinha mudado os rumos da família e que, na presença do pai, havia ocultado suas reais intenções. Tive que me resignar a ir embora, triste por ver que aquela decisão poderia ter uma influência muito negativa sobre a vida de Jeferson e Luiz.
Os anos continuaram a passar e Jeferson começou a se envolver com más companhias. Das baladas ele foi para os vícios e passou a agir de uma forma muito estranha ao ponto de um dia aparecer em casa vestindo no peito apenas duas correntes cruzadas. Ele tornou-se um roqueiro do nível mais pesado que pôde encontrar, começou a usar drogas, coisa que seus pais nem chegaram a descobrir na época e, pior ainda, tornou-se traficante. Como se não bastasse, segundo ele mesmo relatou anos depois, começou a envolver-se com magia negra, descendo aos níveis mais baixos e finalizando a desgraça fazendo, literalmente, um pacto com o diabo. Daí para frente ele tinha certas “vantagens” que incluíam a “cura” da asma da qual havia sofrido por anos.
Um dia alguns jovens conhecidos de Jeferson o convidaram para ir àquela mesma igreja à qual ia com seus pais quando ainda era um garotinho. Nessa época eu não estava mais naquela localidade e não cheguei a acompanhar pessoalmente os fatos posteriores.
Jeferson e seu irmão começaram a ir àquela igreja, à qual até mesmo sua avó e uma tia haviam freqüentado muitos anos antes. Não sei quanto tempo durou essa fase, mas, de alguma forma, a vida de Jeferson começou a mudar. Ele começou a se afastar dos velhos hábitos, dos lugares onde ia e um dia, finalmente, resolveu dar um giro de 180 graus em sua vida de forma definitiva; e ele assumiu pra valer a decisão que tomou. À sua maneira, ele procurou desfazer o que havia feito no passado, inclusive anulando o pacto que havia feito com o diabo anteriormente e avisando os chefes do tráfico que não iria mais vender drogas. A reação não demorou muito.
Logo ele começou a receber ameaças das mais variadas que se resumiam no seguinte: Ou voltava a vender drogas ou morreria. Contudo ele se manteve firme em sua decisão e assegurou aos envolvidos que não voltaria atrás.
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Texto extraído do livro
Histórias Inesperadas
da Editora Luzes da Alvorada.
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